Mesmo para um professor experiente, é impossível entrar em classe sem antes planejar a aula. É por isso que os profissionais que entendem bastante de didática insistem na idéia de planejamento como algo que requer horário, discussão, esquematização e certa formalidade. Agindo assim, tem-se uma garantia de que as aulas vão ganhar qualidade e eficiência.
Tecnicamente, plano de aula é a previsão dos conteúdos e atividades de uma ou de várias aulas que compõem uma unidade de estudo. Ele trata também de assuntos aparentemente miúdos, como a apresentação da tarefa e o material que precisa estar à mão.
O plano de aula se articula com o planejamento - a definição do que vai ser ensinado num determinado período, de que modo isso ocorrerá e como será a avaliação. O planejamento, por sua vez, se baseia na proposta pedagógica, que determina a atuação da escola na comunidade: linha educacional, objetivos gerais etc.
Portanto, o plano de aula se encontra na ponta de uma seqüência de trabalhos. Esse encadeamento torna possível uma prática coerente e homogênea, além de bem fundamentada.
Tema, objetivo e avaliação devem ser definidos
Antes de partir para o plano de aula, é preciso dividir em etapas o planejamento de um determinado período (bimestre ou quadrimestre, por exemplo). Com uma idéia do todo, fica mais fácil preparar o plano conforme o tempo disponível. Não há modelos certos ou errados. Os planos de aula variam segundo as prioridades do planejamento, os objetivos do professor e a resposta dos estudantes. Mesmo assim, é possível indicar os itens que provavelmente constarão de um plano de aula proveitoso.
Um dos primeiros tópicos da lista deve ser o próprio assunto a ser tratado. Logo em seguida vêm os objetivos da atividade e que conteúdos serão desenvolvidos para alcançá-los. As possíveis intervenções do professor (como perguntas a fazer), o material que será utilizado e o tempo previsto para cada etapa são outros itens básicos.
Finalmente, é preciso verificar a eficiência da atividade. A única forma de fazer isso é avaliar o aluno. O critério de avaliação também é flexível. Avaliar apenas com base na expectativa definida lá no começo pode tornar o trabalho superficial. Da avaliação dependem os ajustes a serem feitos no processo. Eles são fundamentais para que a aula dê certo. "Ela não pode ser muito fácil nem muito difícil, mas um desafio real para o aluno.
Planejar dá mais experiência para antecipar o que pode acontecer. Com base nisso, o professor se prepara para os possíveis caminhos que a atividade vai tomar. Não é desejável prever cada minuto da aula. Os planos vão se construindo a cada etapa, dependendo do que foi percebido na etapa anterior. Se o plano de aula não prevê tempo e espaço para os alunos se manifestarem, a possibilidade de indisciplina é grande - e de aprendizado problemático também.
O plano de aula dá abertura para lidar com o imprevisível sem perder o pé. É um fio condutor para onde sempre se volta.
Os alunos não são os únicos modificados pelo aprendizado. Reservando um tempo depois da aula para refletir sobre o que foi feito, você tem oportunidade de rever sua prática pedagógica. Se o trabalho for acompanhado por um orientador ou coordenador pedagógico, tem-se um dos melhores meios de formação em serviço. Portanto, o plano de aula é uma bússola para que você conduza da melhor forma seu dia-a-dia profissional.
Um plano de aula colocado em prática
Com as colegas da mesma série, ela fez um plano para um projeto sobre contos de fadas. O objetivo era levar os alunos a escolher histórias para serem recontadas a crianças de uma classe de Educação Infantil. Na primeira aula, a professora propôs a atividade e selecionou livros com os alunos.
Veja, a seguir, o plano da segunda aula.
Objetivos das práticas de leitura: despertar interesse de ler e ouvir contos; promover a confiança dos estudantes como leitores; manipular os livros para criar expectativas; e coordenar informações de texto e de ilustrações.
Objetivos das práticas de escrita: listar títulos e personagens e relacionar novas palavras às já conhecidas.
Livros a utilizar: separar os que só contêm um conto dos que reúnem vários e os que exigem maior e menor habilidade de leitura.
Orientações didáticas e possíveis intervenções: no primeiro momento, os alunos lêem os títulos dos livros para identificar os que ainda não conhecem. A tarefa é feita com os estudantes sentados em roda, manipulando e trocando os livros colocados no centro. Depois, eles são organizados em grupos de três, para trocar impressões e brincar com os livros. Caso as crianças fiquem atentas demais às ilustrações, peça que elas leiam o índice e elabore algumas questões.
No segundo momento, faça um ditado dos títulos dos contos.
A aula foi filmada e depois debatida com Jacymere e os demais professores da 1a série, que também aplicaram o plano. O grupo discutiu questões como: que recursos os alunos utilizaram para ler? Que intervenções ajudaram as crianças a avançar nos conhecimentos?
Jacymere fez uma autocrítica. Notou que poderia ter planejado melhor o uso do espaço da sala, que não foi muito funcional. Os professores perceberam ainda que não tinham pensado em adequar o desafio da atividade ao nível de alfabetização de cada aluno. As conclusões foram levadas em conta nos planos das aulas seguintes.
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